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Pinheiro da Bemposta é uma freguesia onde se respira História

Segundo a tradição, a origem etimológica do seu nome provém de um grande pinheiro que existia junto à antiga estrada, no lugar da Areosa, debaixo do qual os passageiros descansavam. O nome Bemposta provém da sua airosa e elevada posição, de onde se abarca larga panorâmica sobre a Ria de Aveiro, desde Ovar até à Serra da Boa Viagem ou ainda até ao mar.

Povoação de remota importância, aparece já referida num documento de 1109, em que um padre Rodrigo doou à Sé de Coimbra a quarta parte da vila rústica do Curval, situada entre a Branca e Alviães. Em 1114, no lugar de Figueiredo, os Bispos do Porto e Coimbra reuniram-se para tentar uma reconciliação relativamente às fronteiras das suas dioceses.

O Município da Bemposta, de fundação antiquíssima e ao qual o rei D. Manuel dera foral em 13 de Julho de 1514, foi extinto por decreto de 24 de Setembro de 1855. Foi "um dos mais importantes Municípios da comarca da Estremadura", como pode ler-se numa publicação de 1527, estendendo-se pela seguinte área: Pinheiro da Bemposta, Palmaz, Loureiro, Travanca, Macinhata da Seixa e Ul (do Município de Oliveira de Azeméis), Branca e Ribeira de Fráguas (Albergaria-a-Velha), Fermelã, Canelas, Salreu e Santiais (Estarreja) e Assequins (Águeda).

Volvidos vários séculos, não escasseiam aqui sinais da riqueza e grandeza outrora existentes.

O maior interesse do património construído está no Cruzeiro do Pinheiro da Bemposta, Monumento Nacional, datado de 1604, com restauros posteriores. Por trás dele existe uma interessante Casa de Brasileiro; à esquerda a Casa do Cruzeiro, do século XVIII. Na EN1, seguindo na direção do Porto, encontra-se a setecentista Casa dos Arcos.

Já no lugar da Bemposta, antiga sede do extinto Município da Bemposta, existe ainda a Casa dos Paços do Município e Cadeia e o Pelourinho manuelino (Imóvel de Interesse Público, construído em meados do século XVI), contíguo à Casa de S. Gonçalo, com capela anexa. A seguir, à esquerda, outra Casa da família Côrte-Real e a Casa do Arco.

Merecem também uma visita atenta a Fonte da Bemposta (recentemente recuperada); o Cruzeiro paroquial; a Igreja Matriz; a Capela de Nossa Senhora da Ribeira, incluindo os seus retábulos e esculturas (Imóvel de Interesse Público); os núcleos rurais da Casa do Curval e de Figueiredo; as Quintas do Barral, do Calvário, do Passal e de Vera-Cruz.

Um dos outros ex-libris de Pinheiro da Bemposta é a sua centenária Sociedade Musical Harmonia Pinheirense, fundada com o título de "Sociedade Phylarmónica Harmonia Pinheirense", em 13 de Novembro de 1881.

 

A igreja matriz é uma espaçosa construção de finais do século XVII e princípios do século XVIII. Da invocação de S. Paio é um dos mais imponentes edifícios da região.

 

A lenda da Capela de Nossa Senhora da Ribeira

A Capela de Nossa Senhora da Ribeira constitui há séculos um templo de grande devoção. Foi erguida em 1611, num lugar solitário, romântico, quase paradisíaco. A história que se conta sobre a sua construção é a seguinte:

Uma viúva residente neste local prometera erguer uma nova capela à Virgem Maria, caso o seu único filho fosse ordenado padre. A criança, misteriosamente, desapareceu uma manhã no final da missa, em companhia de frades peregrinos. Passados muitos anos, quando o filho era apenas uma dolorosa e inconformada lembrança, a envelhecida mãe foi, como habitualmente, para o monte apascentar as ovelhas. Ao cair da noite, quando regressava a casa, eis que surge uma comitiva a pedir dormida e alimento, hospedagem que as condições de miséria da pastora não permitia. Tinha apenas uns restos de farinha escura para umas papas, pobre refeição que os cavaleiros logo aceitaram. De entre os viajantes falava-lhe o filho, já então bispo eleito de Cabo Verde que, dando-se a conhecer, anunciou vir cumprir o voto que a mãe tinha feito: construir uma capela em honra da Virgem Maria. Mais tarde, a mãe do bispo, D. Frei Sebastião de Ascensão, foi recolhida num convento.

Esta lenda foi sendo transmitida de geração em geração, embora existam motivos para afirmar que seja mais verdade que ficção.


in Monografia de Oliveira de Azeméis

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